04/04/2013

Acabou

Eu passo a faca lentamente em meu pulso. Mas nada acontece.
Tento inúmeras vezes, por um fim no que mal comecei.
Passo novamente, cada vez mais forte, mas apenas uma pele branca se rasga, como uma pele de cobra.
Meu pulso, depois de várias tentativas fracassadas, começa a adormecer, e então eu vejo um pouco da segunda camada.
A dor que me consome, junto com as lágrimas que cai, não são suficientes para que eu consiga ir até o final.
Mil pensamentos passam em minha mente inquieta e insana.
Quero morrer, mas não sei o quanto este desejo é real. O sangue que não cai, me faz crer que eu não sirvo pra isso. Que não saberia ser útil nem na façanha de suicidar-me. Mas logo uma gota escorre por meu braço e sinto que o corte me deu um certo alívio. Porque não chorei compulsivamente, como nas outras vezes. As lágrimas caíram delicadamente em meu rosto, molhando meu pescoço e minha blusa.
A melancolia, de estar sozinha, de não ter alguém que dissesse para parar, me doeu na alma. Me senti abandonada. Coisas rotineiras sempre serão mais importantes do que a minha dor. E eu já devia ter me acostumado com isso. Mas não me acostumei.
Sinto que estou em um beco sem saída. Algumas pessoas querem me ajudar. Mas eu não quero ninguém apontando o dedo na minha cara e me dizendo o quanto estou perdendo. Eu sei. Só não tenho forças, e isso, ninguém entende.
Queria ver o sangue se esvaindo de meu corpo, assim como a minha alma. Sumindo, se acabando, morrendo.
Minha cabeça não pensa direito. Meu corpo não responde a nada.
Estou doente e preciso de um tratamento de choque. Mas ninguém se importa. Acham que é frescura. Acham que é uma fase... Quem me dera fosse simples assim.
Minha vida está passando. As coisas a minha volta, estão mudando, e eu aqui estagnada como uma estátua, com medo do mundo. Não quero sair, simplesmente quero morrer.
Na verdade, já me sinto morta a muito tempo. Mas vejo que chegou a hora de ser enterrada e logo esquecida. Cansei de fingir ser o que não sou. Cansei de pensar sempre no que os outros irão dizer.
Não espero um milagre. Converso com Deus todos os dias, mas ele resolveu me dar um "gelo".
Minha ferida está aqui, doída e querendo cicatrizar, mas ninguém faz questão de enxergá-la. E eu pouco me importo com isso. pois só eu sei as coisas mais horrorosas que já passei nessa vida.
Não tenho mais forças. Eu simplesmente entrego meus pontos aqui.
Agora terão motivos de me chamarem de louca. E de nunca me escutarem. Pois eu sinmplesmente desisto de ser alguém.

Paulla Furtado

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